Pular para o conteúdo principal

Uma história de amamentação diferente...

Meu filho nasceu de parto normal quando completei 40 semanas de gestação.

A gravidez foi tranquila, e aproveitei os quase dez meses para me informar sobre todos os desafios que viriam.

Desde os primeiros dias, já tive dificuldades com a amamentação, em conseguir estimular a produção de leite e ajudá-lo a fazer a pega correta.

Eu realmente não tive ajuda de ninguém, nem da família, nem do marido, e estava passando por momentos muito difíceis pós-parto. Me sentia muito sozinha, e só não me entreguei a depressão porque meu filho era minha maior alegria, e eu queria ser forte por ele.

Apesar de ter me preparado, me vi entrando em desespero após mais de um mês fazendo de tudo para alcançar meu objetivo. Mas o leite não descia, era muito pouco, ele tinha fome, eu estava sozinha... Enfim, sofri muito e recorri à mamadeira.

(Aqui, um parentesis: esse assunto ainda é um pouco delicado para mim, pois foi nesse momento em que eu estava mais vulnerável, que algumas pessoas aproveitaram para dar palpites e mais palpites, me julgar e me desanimar totalmente. Ainda guardo alguma mágoa disso, pois agora percebo que a intenção deles não era me ajudar. Mas, deixa pra lá...)

Nas primeiras vezes que recorri à mamadeira, eu me sentia muito mal, sentia que tinha fracassado, que estava falhando com meu filho. Estava atormentada pelo sentimento de culpa.

Eu tinha me alimentado bem, me exercitado durante a gravidez, lido inúmeros livros, textos, ido a palestras, conversado com outras mães, enfermeiras, e não estava conseguindo realizar um grande desejo meu. Uma coisa corriqueira, que milhões de mães fazem todos os dias...

No nosso primeiro dia das mães, sozinha em casa com ele, preparei a mamadeira e me sentei na cama, com ele no colo. Comecei a dar a mamadeira, num gesto quase automático, segurando as lágrimas, com pensamentos horríveis na cabeça…

Foi quando meu filho, mamando com vontade, de repente parou e colocou a mão na minha mão. Olhei para ele e percebi que ele estava me olhando fixamente. Foi um momento tão simples, tão único, muito especial entre nós… foi quando eu percebi que o fato de não ter conseguido amamentar não iria mudar o vínculo que tinha com meu filho. Foi como se ele estivesse me dizendo que me perdoava e que estava bem.

A partir desse momento, insisti um pouco ainda na amamentação, sem sucesso, e decidi que isso não iria ser um problema. Dei muita mamadeira para o meu filho, sempre com muito carinho, olhando nos seus olhos, fazendo carinho, cantando, transformando esses momentos em lembranças muito especiais…

Quero deixar claro que sou 100% a favor da amamentação, mesmo não tendo dado certo para mim. Por isso resolvi falar um pouco sobre esse assunto, e aproveitar para participar da promoção.

Meu nome é Ana Paula, tenho 25 anos, trabalho como funcionária pública e tenho um filho de 03 anos. Sou separada, moro no interior de SP e procuro fazer o melhor para o meu filho. Acredito em parto normal, amamentação, cama compartilhada, e em buscar uma vida mais simples e natural.

Comentários

  1. Ana Paula, obrigada por compartilhar sua história!
    Aqui no blog nós estamos sempre dispostas a levar informação para que as mães consigam amamentar, e sempre dizemos o quanto é importante o apoio "emocional e psicológico" à mãe que amamenta.
    Decidi postar teu relato porque sei que muitas mães passam por isso todos os dias e sei também que não é isso que muda o vínculo mãe e filho.
    Foi bom ler que percebeste que a "falta de apoio" é um fator primordial para quem quer amamentar, e que estar "emocionalmente em paz" também é muito importante.
    Eu também tive dificuldade com a amamentação de meu primeiro filho e sei como é isso.
    Te garanto que do segundo filho em diante a gente manda "todo mundo às favas" e consegue amamentar em paz. ;-)

    um beijo

    ResponderExcluir
  2. Rosana,

    Como não pretendo ter mais filhos, sei que não terei uma segunda chance. Mas sei que carregar essa culpa não me ajudará em nada, e estou em paz comigo mesma e com meu filho.

    Pensei muito antes de escrever esse texto, mas achei que poderia ajudar alguma mãe que esteja passando por isso. Antes do parto, eu me considerava preparada e achei que a falta de apoio emocional não seria capaz de me atrapalhar.

    Hoje percebo que esse foi o detalhe que fez toda a diferença.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Obrigada por contribuir com seu comentário!
Todos os comentários são lidos e moderados previamente.
Estamos dispostas a ajudar no que for preciso!

Postagens mais visitadas deste blog

Parir sorrindo

Para quem já viu é sempre bom rever, para quem não viu e acredita que parto é a pior coisa do mundo, ta aqui a prova de que, com bons profissionais e pessoas dispostas a ajudar, o parto pode ser uma experiência de muito prazer! Muito lindo!

Homeopatia e Alopatia: você sabe a diferença?

Por Rosana Oshiro O momento em que a doença afeta nossos filhos é o de maior preocupação para nós que somos pais e mães. Logo queremos levá-los ao médico para que receite algum medicamento que os livre "daquele mal". Já falamos aqui e aqui sobre a febre, e o hoje vou falar de duas principais formas de tratamento de doenças infantis: Homeopatia e Alopatia. Você sabe a diferença entre elas? Quando ouvi falar sobre homeopatia pela primeira vez, imaginei ser algo como "remédio de curandeiro" ou uma "simpatia" e nem dei muita bola...huahuahuahuahuauha Conversando, certa vez, como amiga que cursava faculdade de "Farmácia" ela me explicou de forma simples e clara que: - Homeopatia é o tratamento feito com substâncias "iguais" às da doença, buscando combater a doença como um todo. - Alopatia é o tratamento feito com substâncias "opostas" às da doença, que busca combater os sintomas das doenças. Depois, pesquisando mais e lendo sobr

Licença maternidade no Japão

É comum as mulheres trabalhadoras não conhecerem seus direitos e deveres quando gravidas no Japão. Recentemente, recebi várias instruções no curso de japonês que realizei pela JICE e gostaria de passar para as que estão em duvidas de seus direitos. Vou escrever por tópicos de forma bem clara e simples, caso alguém tenha alguma duvida, pode me escrever pela guia de contato ou deixar seu comentário no post que terei prazer em esclarecer. Vamos lá! - Como já disse em uma postagem anterior, toda mulher gravida no Japão, que não tem o hoken (Shakai ou kokumin) deve providenciá-lo o mais rapido possível, porque só através dele é possível receber os benefícios que a lei concede. - A mulher que trabalha, há mais de 1 ano com o mesmo empregador (se for empreiteira pode ter mudado de empresa), e tem o Shakai Hoken há mais de 1 ano também, tem direito a licença maternidade remunerada em 60% de seu salário normal, durante o período da licença. - O periodo de licença é de aproximadamente 98 dias,