Pular para o conteúdo principal

A amamentação e a mudança de minha vida

Antes de engravidar eu achava que o tempo suficiente para a amamentação eram 6 meses e que depois disso o bebê já não precisava mais do meu leite.

Na verdade, isso não fazia parte do meu círculo de convivência. O normal era complementar com NAN, ou leite de soja. O normal era a mãe não ter leite “suficiente”, era não deixar o bebê no peito para que ele não ficasse mal acostumado. Vendo tudo isso hoje me dá vontade até de rir dessa Kristal de algum tempo atrás.

Me preparei para um parto normal e achava que a amamentação seria fácil, afinal, que mistério teria? Era só colocar o bebê no peito e pronto.

Esse pensamento caiu por terra na primeira semana de vida do Marco, quando na descida do leite o meu seio ficou empedrado e duro, parecia que eu tinha colocado uns 500 ml de silicone. Depois disso, os meus bicos racharam. Eu chorava para amamentar, gritava de tanta dor.

Falei com o Cacá (pediatra) por telefone e ele sugeriu que a consulta de 1 mês de vida fosse antecipada para logo, assim poderíamos conversar melhor. Nessa primeira consulta o Marco tinha 15 dias, havia engordado 300 gr e crescido 1 cm desde a saída da maternidade. Isso me deixou feliz, pois mesmo com tanto sofrimento eu estava conseguindo amamentar o meu filho.


Essa foto é do período mais crítico da Amamentação.

O Cacá viu as minhas fissuras, meu desespero e medo em dar de mamar e sugeriu que eu desse um descanso de 2 dias aos seios, nesse tempo eu deveria tirar leite com a bombinha e oferecer em um copinho. Voltaríamos em poucos dias para ele ver como estavam as coisas.

Bom, foi aí que vi que o psicológico conta muito na amamentação e que como havia me dito a Gisele do Enzo, o leite está mais na cabeça da gente do que no seio. Mesmo com o peito cheio, saiam apenas poucas gotas de leite, com muito esforço eu conseguia uns 20 ml. Eu ficava várias vezes por dia tentando tirar leite, mas acabei tendo que comprar 1 lata de aptamil para complementar. O Fernando estava de férias me ajudando em casa com o bbzico e a tarefa de dar o complemento era dele. Eu chorava cada vez que via ele dando aquela chuquinha de Aptamil, eu me achava incompetente, incapaz de alimentar o meu próprio filho que era tão pequeno e já estava com aquele bico de borracha na boca, tomando um leite artificial.

Falei com o Cacá diversas vezes e em uma delas quando eu estava chorando no telefone e dizendo que não agüentava mais ele me indicou a fonoaudióloga Andrea que veio até a minha casa ver a pega do bebê e ensinar diversas formas e posições para amamentar.

Ela viu que a pega do Marco estava correta, o que me machucou foram as mamadas que eram muito freqüentes e a voracidade na sucção do bebê. A Andrea me disse também que se eu tentasse ordenhar um pouco de leite antes das mamadas pois com o seio muito duro era mais fácil ferir o bico. Com as palavras do Cacá e as visitas da Andrea fiquei mais tranqüila.

Eu usava no peito: lansinoh + concha de silicone + absorventes (pois várias vezes vazava leite) saia de casa com um verdadeiro arsenal de emergência.

Bom, quando estava acabando a segunda lata de Aptamil, o Fernando me perguntou se compraríamos mais uma. Foi um dilema pra mim, eu sabia que se não desse um basta, nunca mais pararia de dar LA e o meu sonho de amamentar exclusivamente não iria acontecer. O Marco estava com pouco mais de 1 mês, aí resolvi que aquela seria a hora de dar um basta naquilo. Eu era capaz e iria conseguir amamentar o meu filho sim!

Devido ao uso do LA a minha produção de leite diminuiu, por esse motivo eu ficava com o Marco literalmente pendurado no peito o dia todo, bebia muita água, mal dava tempo de almoçar, mas eu enfiei na minha cabeça que ele se alimentaria somente do meu leite. Não foi fácil, ouvi de muita gente que eu estava mal acostumando o Marco, pois ele só ficava no colo, que todo aquele esforço não valia a pena, que meu leite era fraco por isso ele queria mamar a todo momento e até mesmo que o pediatra era louco por não fazer “nada”, tipo receitar LA. Mal sabiam que esse nada era o que eu mais queria, era umas das coisas que mais me apoiava. Com ele, eu não me sentia sozinha, assim como com o apoio do Fê e da minha mãe e irmã que estiveram sempre ao meu lado durante todo esse tempo.

Chegamos aos 6 meses de amamentação exclusiva, passamos pela introdução de alimentos e voltei a trabalhar logo depois que ele fez 1 ano, fiquei apreensiva com medo do desmame, mas esse medo logo passou. A primeira coisa que ele faz quando chegamos em casa é mamar nos dois peitos, com vontade. Isso me deixa tão feliz que dá até vontade de chorar, ele fica me olhando com aqueles olhinhos chapadinhos de leite, me fazendo carinho, passando a mão no meu rosto. É como se o mundo parasse naquele momento e estivéssemos só nós dois ali entregues um ao outro.

Hoje, 10/05/2009 o Marco faz 1 ano e 2 meses junto com o dia das mães e eu me sinto vitoriosa por ter conseguido superar tantos problemas, palpites etc. Esse é o meu maior presente. Ainda amamento, com muito prazer a minha criancinha que já come de tudo, está cheio de dentes, mas não nega o tetêzinho por nada nesse mundo. E continuaremos assim até quando for legal pra ele e pra mim também.

Agradecimentos:

- Ao Cacá que sempre me apoiou muito em todos os momentos;

- Meninas do grupo Matrice que me ajudaram muito enviando mensagens, esclarecendo dúvidas e me entendendo e dando ombro amigo. Não consegui ir em encontro pessoalmente, mas a ajuda virtual foi de grande valia.

- A minha mãe que sempre disse que a fase ruim dos machucados e fissuras ia passar, eu achava que ela dizia para me agradar, mas não é que passou mesmo?

- A Kari, minha irmã, que quase chorava comigo quando eu amamentava e me fazia carinho.

- Ao Fê, que sempre esteve ao meu lado em todos os momentos, obrigada pela paciência e por estar ao meu lado sem desistir também.

Sou a Kristal Metello, mãe do Marco e fiz esse relato recentemente, no dia das mães. Foi quando consegui escrever claramente sobre as dificuldades que passei no início.
O parto de meu filho foi um marco na minha vida, depois dele eu nunca mais fui a mesma. A minha essência é igual, mas a minha postura e forma de encarar a vida mudou totalmente, eu nasci junto com o meu filho e renasci com a amamentação.

Comentários

  1. olá querida!

    desde já parabéns por poderes dar essa bênção ao teu bebe ;) depois gostaria de deixar te aqui um conselho que a minha obstetra também me deu..não uses um gel de banho normal nesta altura da amamentação..a zona está sensível e os geis de banho normais, do hiper-mercado podem ser muito agressivos para ti, como para o bebé..normalmente têm cheiro e isso também não é bom para o rebento..por isso, deixo-te aqui o gel de banho http://bit.ly/9ZrNaF que a minha médica que aconselhou por ser feito à base de ácido láctico e de ter o pH natural da pele..tem um preço acessível e compras na farmácia ou na para-farmácia..espero ajudar com este conselho ;) beijinhos querida

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Obrigada por contribuir com seu comentário!
Todos os comentários são lidos e moderados previamente.
Estamos dispostas a ajudar no que for preciso!

Postagens mais visitadas deste blog

Parir sorrindo

Para quem já viu é sempre bom rever, para quem não viu e acredita que parto é a pior coisa do mundo, ta aqui a prova de que, com bons profissionais e pessoas dispostas a ajudar, o parto pode ser uma experiência de muito prazer! Muito lindo!

Homeopatia e Alopatia: você sabe a diferença?

Por Rosana Oshiro O momento em que a doença afeta nossos filhos é o de maior preocupação para nós que somos pais e mães. Logo queremos levá-los ao médico para que receite algum medicamento que os livre "daquele mal". Já falamos aqui e aqui sobre a febre, e o hoje vou falar de duas principais formas de tratamento de doenças infantis: Homeopatia e Alopatia. Você sabe a diferença entre elas? Quando ouvi falar sobre homeopatia pela primeira vez, imaginei ser algo como "remédio de curandeiro" ou uma "simpatia" e nem dei muita bola...huahuahuahuahuauha Conversando, certa vez, como amiga que cursava faculdade de "Farmácia" ela me explicou de forma simples e clara que: - Homeopatia é o tratamento feito com substâncias "iguais" às da doença, buscando combater a doença como um todo. - Alopatia é o tratamento feito com substâncias "opostas" às da doença, que busca combater os sintomas das doenças. Depois, pesquisando mais e lendo sobr

Licença maternidade no Japão

É comum as mulheres trabalhadoras não conhecerem seus direitos e deveres quando gravidas no Japão. Recentemente, recebi várias instruções no curso de japonês que realizei pela JICE e gostaria de passar para as que estão em duvidas de seus direitos. Vou escrever por tópicos de forma bem clara e simples, caso alguém tenha alguma duvida, pode me escrever pela guia de contato ou deixar seu comentário no post que terei prazer em esclarecer. Vamos lá! - Como já disse em uma postagem anterior, toda mulher gravida no Japão, que não tem o hoken (Shakai ou kokumin) deve providenciá-lo o mais rapido possível, porque só através dele é possível receber os benefícios que a lei concede. - A mulher que trabalha, há mais de 1 ano com o mesmo empregador (se for empreiteira pode ter mudado de empresa), e tem o Shakai Hoken há mais de 1 ano também, tem direito a licença maternidade remunerada em 60% de seu salário normal, durante o período da licença. - O periodo de licença é de aproximadamente 98 dias,